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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Iyémonjà

Venerada como nenhum outro Orixá na Brasil, Iyémonjà é adorada por todos nós brasileiros. Dia 2 de Fevereiro foi o Dia de Iyémonjà. Na ultima semana, em minha casa, foi feita uma festa em homenagem a  Iyémonjà.

Iyémonjà, Yemanjá, Yemaya, Iemoja "Iemanjá" ou Yemoja, esse nome deriva da expressão Yoruba "Yèyé omo ejà" ("Mãe cujos filhos são peixes"), daí se tem a idéia de que esses "peixes" seriam toda a humanidade, por isso, assim como Òòsàálá, Iyémonjà seria a dona de todas as cabeças. É Iyémonjà quem preside a  formação da individualidade, e por isso deve ser louvada em todos os rituais.

Iyémonjà é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos. Iyémonjà é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Iyémonjà criou Ómulù, o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol.

Na mitologia Yoruba, a dona do mar é Olokun (é dona do mar e das conchas, sendo que Iyémonjà é dona de tudo que é vivo no mar) que é mãe de Iyémonjà, ambas de origem Egbá (refere-se a boa parte dos nativos da cidade de Abeokuta). Iyémonjà, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Orixá do mar (masculino em Benin ou feminino em Ifé), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta

"Iyémonjà, é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Iyémonjà. Com as guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o orixá do ferro e dos ferreiros." (Verger)

Suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, "Ódó Iyà" por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação "Érù Iyà" faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iyémonjà.

Além da grande diversidade de nomes africanos pelos quais Iyémonjà é conhecida, a forma portuguesa Janaína também é utilizada, embora em raras ocasiões. A alcunha, criada durante a escravidão, foi a maneira mais branda de "sincretismo" encontrada pelos negros para a perpetuação de seus cultos tradicionais sem a intervenção de seus senhores, que consideravam inadimissíveis tais "manifestações pagãs" em suas propriedades. Embora tal invocação tenha caído em desuso, várias composições de autoria popular foram realizadas de forma a saudar a "Janaína do Mar" e como canções litúrgicas.

No Brasil, Iyémonjà possui de grande popularidade entre os seguidores de religiões afro-brasileiras, e até por membros de religiões distintas.

Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 2 de Fevereiro, a maior festa do país em homenagem à "Rainha do Mar". A celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de branco, saem em procissão até ao templo-mor, localizado próximo à foz do rio Vermelho, onde depositam suas oferendas

Arquétipo:
Em geral os filhos de Iyémonjà, tendem a ser serenos, maternais, sinceros e ajudam a todos sem exceção. Gostam muito de ordem, hierarquia e disciplina, embora laços afetivos possam atenuar esse gosto. São  atrapalhados, ingênuos e calmos até demais, mas quando se enfurecem são como as ondas do mar, que batem sem saber onde vão parar.
Os filhos de Iyémonjà põe à prova suas amizades com certas constância, amizades estas que tratam com um carinho maternal, mas são incapazes de guardar um segredo, por isso não merecem total confiança. Elas costumam exagerar nas suas verdades (para não dizer que mentem) e fazem uso de chantagens emocionais e afetivas. São pessoas que dão grande importância aos seus filhos.
Tendem a ser "cheinhos", as mulheres podem ter o quadril largo e os seios grandes (indicação de serem boas gestantes). São vaidosos mais com os cabelos.
Suas filhas sabem seduzir e encantar com a beleza e mistérios de uma sereia. São boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros. Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.
Nas grandes famílias há sempre um filho de Iyémonjà, pronto a envolver-se com os problemas de todos, pois gosta tanto disso que pode revelar-se um excelente psicólogo.
São extrovertidos e sabem sempre de tudo (mesmo que não saibam).

Qualidades:
São 16 as qualidades, e por possuírem características tão próprias, há quem chegue a considerar que se trata de orixás individuais (independentes) das outras qualidades.
Iyémonjà Asagba ou Sóbà: É a mais velha, manca de uma perna devido a uma luta com Ésu, rabugenta, e feiticeira, fala de costas, gosta de fiar seu cristal. Comanda as caçadas mais profundas do oceano. Veste branco.
Iyémonjà Akurà: Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro.
Iyémonjà Ataramàba: Nessa forma ela está no colo de seu(sua) pai(mãe) Olokun.
Iyémonjà Ataramogba ou Iyáku: Vive na espuma da ressaca da maré.
Iyémonjà Ayió: Muito velha. Veste sete anáguas para se proteger. Vive no mar e descansa nas lagoas.
Iyémonjà Iyà Màsémalé ou Iyàmasé: É a mãe de Sóngó e quem cuidou de Ósumàré. Esposa de Oranian e muito festejada durante as festas consagradas a seu filho Sóngó.
Yemanjá Iyemoyó, Awoyò; Yemuò; Iyà Ori ou Iyèmowó: É uma das mais velha, possui ligação com Òòsàálá, o seu fundamento está no ori, representa a vida, pode curar doenças da cabeça. Veste branco e cristal.
Iyémonjà Kónlà: O seu mito conta que ela afoga os pescadores.
Iyémonjà Màleleó ou Maiyélewó: Esta Iyémonjà vive no meio do oceano no lugar onde se encontram as sete correntes oceânicas.
Iyémonjà Odó: Tem aproximação com Ósun, e vive na água doce sendo muito feminina e vaidosa.
Iyémonjà Ógùntè: Considerada a nova guerreira, dona da espada, esposa de Ógùn Àlàgbedè (o ferreiro) e mãe de Ógùn Akoró e Ósòsi . O seu nome significa aquela que contém Ógùn. Vive perto das praias, no encontro das águas com as pedras. Traz na cintura um facão e todas as ferramentas de Ógùn. Veste branco; azul marinho, cristal, ou verde e branco.
Iyémonjà Olosà, Ólósun ou Bosà: Veste verde-claro e suas contas são branco cristal. É a Iyémonjà mais velha da terra de Egbado.
Iyémonjà Oyó: Benéfica, muito feminina, saudada na cerimónia do Padê, veste de branco, rosa e azul claro.
Iyémonjà Sabá: Fiadeira de algodão, foi esposa de Órúnmilà.
Iyémonjà Sesu, Sesu, Iyàsesu ou Susure: Ligada à gestação. Voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun, o deus(a) do mar. Vive nas águas revoltas do mar. Veste branco, verde água e suas contas branco cristal.
Iyémonjà Yinaé ou Malelè: Aquela que os filhos sempre serão peixes. Também conhecida como Marabó, mora nas águas mais profundas. É a sereia, ligada à reprodução dos peixes; vem sempre a beira do mar apanhar as suas oferendas; está ligada a Òòsàálá e Ésu.

Dia: Sábado.

Data: 2 de fevereiro.

Elementos: Água doces que correm para o mar, água salobra, água do mar.

Domínios: Maternidade (educação), saúde mental e psicológica.

Metal: Prata e prateados.

Cor: Prata transparente, azul claro, verde água e branco.

Número: 6

Odus: Êjibé ou Alafia e Ossá

Comida: Manjar branco, acaçá, peixe de água salgada, bolo de arroz, ebôya, (fava cozida refogado com cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce; a mesma oferenda pode ser preparada com o milho branco, todavia recebe o nome de Dibô, possuindo o mesmo valor ritual), ebô (cangica)e vários tipos de furá (bolinhos, ou bola de: arroz, inhame, farinha de mandioca, farinha de milho).

Símbolos: Abebê prateado

Saudação: Érù Iyà ou Odó Iyà.

Érù Iyà Iyàtémì Iyémonjà Sesu

PS: Me desculpem pelo atraso!