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quarta-feira, 2 de março de 2011

Defazendo alguns mitos... (parte1)

A Umbanda é uma religião onde a simplicidade impera (ou pelo menos deveria). Muitos teorizam uma umbanda intrincada e complexa num nível que a afastaria da maioria do frequentadores, simples e humildes. As mensagens das entidades são (deveriam ser) diretas e dificilmente recheadas com metáforas e coisas do tipo. A intenção é que a mensagem seja clara para qualquer receptor. Demonstrando a ligação da Umbanda com os mais humildes.
Alguns praticantes, que passaram a se intitular mestres, e coisas semelhantes, passaram a defenir a umbanda de uma maneira a “embranquecê-la” e “elitizá-la” ao meu ver. Para mim não há outra certeza senão, a máxima de que, quem se julga detentor da verdade é quem está mais longe dela.
Minha intenção, é usar da minha experiência, que é apenas mais uma, diferente de todas as outras em diferentes graus, para tentar elucidar alguns mitos que povoam a Umbanda.
Mais uma vez reitero, que essa é apenas minha visão, não sou nem quero ser anunciador de uma “verdade”. Apenas uso o crivo do meu bom senso, sempre amparado pelo concordar ou discordar das minhas entidades, para falar de uma religião que amo e pratico a tanto tempo.
Vamos a eles:

1-O surgimento da Umbanda:
Este é um tema sempre polêmico. Corações e mentes se inflamam para defender suas teorias. Sim teorias, por que enquanto não provada definitivamente não passará de teoria.
Eu me baseio sempre por informações possíveis de serem acessadas por qualquer um, por fatos, e claro pelo bom senso.
Dessa forma, que me perdoem alguns irmãos, mas as Umbanda não é atlante nem de outro planeta, tão pouco foi inventada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. A Umbanda é brasileira sim, afro-descendente sim, gostem ou não.
Existem registros históricos (por Hely Chanterlain) da utilização de palavra Umbanda (do kimbundo M'banda) para designar um culto a entidades, derivado do culto bantu aos ancestrais muito anterior ao episódio de 1910. O episódio de 1910 foi importante de muitas maneiras, mas não é o ponto de criação da Umbanda.
O culto aos ancestrais foi se modificando e anexando crenças e ritos locais, e para se legitimar como algo que não magia negra, anexa crenças kardecistas, e assim sucessivamente até tomar o jeitão que ela tem hoje.
Desse modo não existem duas casas rigorosamente iguais, como não existe duas pessoas iguais, nem gêmeos univitelinos (idênticos) são iguais.
A base e a fundamentação do culto é a mesma (à quem mantém a cabeça aberta para olhar, o cerne por mais oculto que esteja, é sempre o mesmo), mas o “como proceder” do culto varia com regionalismo, com as crenças e a formação de quem dirige a casa.
Ao meu ver, é essa a grande beleza da Umbanda, uma grande mãe que a braça a todos os filhos com o mesmo amor e carinho.

2-Entidade não é Orixá, nem tem o poder de Orixá:
Existe um problema semântico gigantesco dentro da Umbanda. A Umbanda por ser afro-descendente acabou por utilizar palavras africanas, num primeiro momento palavras bantas (kimbundo e kicongo – congá, cavalo*, cambono...) e posteriormente palavras yorubás (nomes de Orixás, agô...)
O fato de uma entidade se dizer de Oxóssi, de Ogum, ou de Xangô, não quer dizer que elas sejam representação ou representante do Orixá. Apenas que suas funções e atribuições se assemelham de uma forma ou outra à atribuição ou função do Orixá em questão.
Orixá e entidade pertencem a mundos diferentes, que como água e óleo se tocam apenas num ponto e não se misturam. Orixá não é "ordenança" de Egun (toda e qualquer entidade é Egun), e Egun, jamais será representante de um Orixá.
Erroneamente alguns irmãos, principalmente do Candomblé, pensam que a entidade substitui o Orixá, mas não é isso de forma alguma o que ocorre, a entidade atua de maneira similar, em proporção menor, mas atua ligada aos atributos e energia de um Orixá.
Pensar que apenas Orixá atua de maneira 'x' é um pensamento não muito coerente. Porque se assim fosse, o que seria daqueles que não conhece e cultuam seus Orixás.
* cavalo é corruptela de uma palavra kimbundo que significaria meu menino, ou meu filho.

3-Sobre a roupagem das entidades:
“Sou o que sou, independente da roupa que visto.” Isso toma uma dimensão diferente quando se trata de entidades.
Partindo de um pressuposto que o espírito não tem forma definida, e que ele poderia se mostrar da maneira que melhor o convier, a maneira como uma entidade se apresenta é apenas isso, uma roupa.
Para o desgosto de um irmão kardecista que insistia em dizer que o caboclo com quem trabalho é atrasado e etc., ele se mostrou a ele num determinado momento como um mestre (professor). Era ele , mas com uma ropagem diferente, o jeito de falar diferente, simplesmente porque o receptor é diferente, mas de fato, era ele.
O que eu quero dizer com tudo isso? O que quero dizer é que não é porque uma entidade atua na linha dos caboclos, que ela necessariamente seja um caboclo, ou mesmo um indígena. Em casas mais esclarecidas ele pode até mesmo se apresentar com outra roupagem, embora o gestual e o falar (linguagens importante para o receptor comum, ou seja, o consulente) mantenham-se iguais.
Nem todo preto velho é preto e velho, nem todo caboclo é índio, nem todo baiano (não é bahiano, não é referente ao estado da Bahia) é nordestino.
A entidade vai sempre usar uma roupagem que afenize com a linha que ela atua e principalmente que seja compreensível ao receptor. E isso independende de nacionalidades, raças, culturas.

Este é um começo. Sugiram mais mitos para serem discutidos!

Abraços a todos!

4 comentários:

  1. Achei bem legal!

    Todos tem que abrir a mente para ouvir o que os outros tem a dizer.

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  2. Adorei esse blog!Gostaria de mais postagens...
    Laylah El Ishtar

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  3. Volta pra passar mais textos pra nós!
    Adorei sua forma de escrever e expressar...
    Entendi tudo!

    Agradecida!
    Muito bom!

    ResponderExcluir
  4. Volta pra passar mais textos pra nós!
    Adorei sua forma de escrever e expressar...
    Entendi tudo!

    Agradecida!
    Muito bom!

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